Não existe o que se possa nomear arte. O que existe são artistas. Arte é o resultado técnico e intuitivo de seu criador, ela é o produto estético deste desenvolvimento.
O mundo da arte é imprevisível, com suas próprias aventuras e paradigmas, é um mundo alternativo e lúdico, onde ninguém deve pensar que sabe tudo a respeito delas, pois ninguém sabe.
Acredito que só podemos alimentar a chance de compreender arte, se nos basearmos em nossas experiências particulares. È claro que não somos artistas, é possível nunca termos tentado compor uma tela, não significando, necessariamente que não nos deparamos com problemas que compõe a vida de um artista. Dificilmente se encontra uma pessoa que não tenha pelo menos conhecido de longe esse surto, mesmo que num patamar muito mais modesto. Quem alguma vez nunca tentou compor um buquê de flores, ousou combinar ou mudar objetos de lugar, experimentando essa sensação de equilibrar formas e cores, se perdendo na harmonia real que se pretende alcançar, mas tendo convicção de uma única relação, que é aquela que deve ser a certa para o momento. Não podemos comparar essas atividades da vida cotidiana, com a meticulosidade de um artista.
Todos nós somos inclinados a aceitar formas ou cores convencionais como as únicas corretas. Existem pessoas que ficam indignadas ao presenciar outras cores numa tela, uma grama não-verde e um céu não-azul, por exemplo. Mas se tentarmos esquecer tudo o que ouvimos a respeito do verde da grama e o azul do céu, e observarmos o mundo como se acabássemos de chegar num outro planeta a ser descoberto, talvez seriamos menos críticos a apresentação de cores. Os grandes pintores se encontram nessa viagem, desejam o mundo fora do comum e ignoram todas noções e idéias preconcebidas.
Não é fácil nos livrarmos dessas idéias formuladas, mas se conseguirmos trabalhar isto, os artistas nos ensinaram a ver na natureza novas belezas e através deles, até mesmo um desviar de olhos pra fora de nossas janelas poderá converter-se numa emocionante aventura, ou mesmo nos auxiliar para que possamos alcançar a tal harmonia de cores e formas num ambiente.
“L’oro del Azurro” – Joan Miró.
Miró é um grande expoente do movimento surrealista. Considero o grande palhaço da arte, transmitia através das cores primárias, seus tormentos psíquicos.